Ivan,
Numa das últimas vezes que nos encontramos você estava muito inquieto. Na ocasião, concordei com você sobre liberdade com confiança, mas, ficou aquela impressão que não falamos o necessário. Sabe como é, encontro rápido, ambiente nada propicio. Depois, na correria do dia-a-dia amigo, fui me envolvendo nas atividades cotidianas e o tempo passando... até pensar: vou escrever para Ivan.
Naquela ocasião seu texto tinha um título sedutor. Um conteúdo dinâmico, às vezes dúbio, rico em entrelinhas que davam a impressão que o que você quer é ser compreendido e compreender-se. Pois, parece-me gritar para alguém “Eu existo com você e não para você. Eu respiro por mim e não por você. Não somos uma intercessão, somos paralelos. E você precisa perceber onde será “nossa” próxima curva”. Complexo, não?
Desde então, andei pensando sobre as dificuldades nos relacionamentos. Possivelmente tudo isso é consequência de sermos frutos de uma sociedade autoritária. É bom lembrarmos que fomos educados na cartilha de “donos da verdade” que não podiam ser contrariados e daí herdamos o medo de nos mostramos como realmente somos. Fomos educados acreditando que o tamanho da fé estabelecia o tamanho do castigo com direito a confessionário e tudo. Daí a origem do nosso medo de corrermos riscos. Ivan é preciso entender que os “deuses” que criaram esse mundo a base do medo tinham como objetivo definido se manterem no poder. O que popularmente tomou a forma da expressão “... manda quem pode...”. Nesse contexto, contraditoriamente, valorizava-se as relações românticas. A maioria governada amando e acreditando que o outro é o portador da felicidade, que é o outro que precisa entender, que é o outro que precisa ser bonzinho, que é o outro que é o responsável pela relação. E o encontro virava desencontro.
Uma vez você perguntou onde está o amor? Ora Ivan, o amor é um sentimento. Então só nos resta sentir. E se pra conhecê-lo... é preciso amar, então, o amor está no seu intimo mais intimo. E aí amigo, você tem que parar pra pensar o perfil de quem você quer amar. E isso não é nada fácil. Eu, por exemplo, inventei de parar para “dar um tempo” e tô sozinha até hoje. Mas cheia de esperanças. E você, já começou a traçar o perfil da companheira que você quer? É bom pensar o que disse outro dia a sua colega Cristiane sobre Amores Imperfeitos, lembras?! “Um marido independente é capaz de cuidar de si próprio. Mas se ele for independente demais, pode significar que não precisa da mulher”. É! O assunto é mesmo muito complexo. Mas, não é você que vive falando em correr riscos?? Então..., querer o outro é dar, literalmente, espaço para o outro. E assim, curtir o prazer de tá juntos; um investimento coletivo. E isso exige adaptação. Que não é sinônimo de anulação. Acredito que é hora de ver o currículo da sua amada ideal. Mas lembre-se: ainda tem aquela história do “...tu te tornas responsável por tudo aquilo que cativas”.
Bom Ivan, este é um assunto inesgotável. A gente se ver por aí. Quem sabe, na quarta?
reginalus - Jan/2012
Obs.: texto inspirado em textos do jornalista Ivan Martins – Twitter da Revista Época
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