segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Carta para Ivan

Ivan,
Numa das últimas vezes que nos encontramos você estava muito inquieto. Na ocasião, concordei com você sobre liberdade com confiança, mas, ficou aquela impressão que não falamos o necessário. Sabe como é, encontro rápido, ambiente nada propicio. Depois, na correria do dia-a-dia amigo, fui me envolvendo nas atividades cotidianas e o tempo passando... até pensar: vou escrever para Ivan.
Naquela ocasião seu texto tinha um título sedutor. Um conteúdo dinâmico, às vezes dúbio, rico em entrelinhas que davam a impressão que o que você quer é ser compreendido e compreender-se. Pois, parece-me gritar para alguém “Eu existo com você e não para você. Eu respiro por mim e não por você. Não somos uma intercessão, somos paralelos. E você precisa perceber onde será “nossa” próxima curva”. Complexo, não?  
Desde então, andei pensando sobre as dificuldades nos relacionamentos. Possivelmente tudo isso é consequência de sermos frutos de uma sociedade autoritária. É bom lembrarmos que fomos educados na cartilha de “donos da verdade” que não podiam ser contrariados e daí herdamos o medo de nos mostramos como realmente somos. Fomos educados acreditando que o tamanho da fé estabelecia o tamanho do castigo com direito a confessionário e tudo. Daí a origem do nosso medo de corrermos riscos. Ivan é preciso entender que os “deuses” que criaram esse mundo a base do medo tinham como objetivo definido se manterem no poder. O que popularmente tomou a forma da expressão “... manda quem pode...”. Nesse contexto, contraditoriamente, valorizava-se as relações românticas. A maioria governada amando e acreditando que o outro é o portador da felicidade, que é o outro que precisa entender, que é o outro que precisa ser bonzinho, que é o outro que é o responsável pela relação. E o encontro virava desencontro.
Uma vez você perguntou onde está o amor? Ora Ivan, o amor é um sentimento. Então só nos resta sentir. E se pra conhecê-lo... é preciso amar, então, o amor está no seu intimo mais intimo. E aí amigo, você tem que parar pra pensar o perfil de quem você quer amar. E isso não é nada fácil. Eu, por exemplo, inventei de parar para “dar um tempo” e tô sozinha até hoje. Mas cheia de esperanças.  E você, já começou a traçar o perfil da companheira que você quer? É bom pensar o que disse outro dia a sua colega Cristiane sobre Amores Imperfeitos, lembras?! “Um marido independente é capaz de cuidar de si próprio. Mas se ele for independente demais, pode significar que não precisa da mulher”. É! O assunto é mesmo muito complexo. Mas, não é você que vive  falando em correr riscos?? Então..., querer o outro é dar, literalmente, espaço para o outro. E assim, curtir o prazer de tá juntos; um investimento coletivo.  E isso exige adaptação. Que não é sinônimo de anulação. Acredito que é hora de ver o currículo da sua amada ideal. Mas lembre-se: ainda tem aquela história do “...tu te tornas responsável por tudo aquilo que cativas”.
Bom Ivan, este é um assunto inesgotável. A gente se ver por aí. Quem sabe, na quarta?
reginalus - Jan/2012
Obs.: texto inspirado em textos do jornalista Ivan Martins – Twitter da Revista Época

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